Recursos obtidos com a coleta de tampinhas beneficiam hospital

Em Salvador do Sul, projeto sustentável arrecadou cerca de 4 toneladas de tampas plásticas em dois anos.
Fazer o bem, ser solidário e transparente, atender às demandas de pessoas com múltiplas deficiências, gerar inclusão e sustentabilidade. Esses são desafios do projeto Somos Todos Hospital São Salvador que, entre 2017 e 2019, mobilizou a comunidade de cidades interioranas do Vale do Caí a arrecadar tampinhas convertidas em recursos financeiros para a promoção da saúde.
Promovido pela empresa Mega Embalagens, situada em Salvador do Sul, o projeto foi liderado por Cristiane Griebeler, 32 anos, responsável pelo setor de recursos humanos da empresa. Ela explica que teve a ideia quando conheceu o programa Tampinha Legal — desenvolvido pelo Instituto SustenPlást, que transforma tampinhas plásticas em recursos financeiros. “O hospital da cidade passou por problemas financeiros e corria o risco de ser fechado, mas o município e as cidades vizinhas se uniram para ajudá-lo”, explica.
Segundo Cristiane, o primeiro passo foi buscar a aprovação das entidades parceiras da campanha. “Realizamos uma intensa divulgação no comércio local e nas escolas de Salvador do Sul, São Pedro da Serra, São José do Sul e Tupandi, que são cidades vizinhas. Estes são nossos parceiros no projeto. Quando tem tampinhas nos postos de coleta, somos avisados, fazemos a pesagem e encaminhamos ao depósito credenciado em Porto Alegre. Após o recebimento, é feito o pagamento do valor para a entidade beneficiada”, afirma.
A coordenadora do Instituto SustenPlást, Simara Souza, 48 anos, complementa que os projetos realizados a partir do programa têm o objetivo de engajar a sociedade na coleta de todos os tipos de tampas plásticas. “Toda a comunidade pode se envolver, a começar pelo recolhimento de tampas e pela entrega nos pontos de coleta do programa, que tem caráter educativo. Atualmente, podemos encontrar pontos de coleta em hospitais, órgãos púbicos, escolas, comércio e empresas. Há uma mobilização da sociedade em fazer o bem, o que se reflete no aumento da qualidade de vida de todos”, enfatiza.
A presidente do Hospital, Valeria Tânia Camilo Haupt, 60 anos, explica que para os estabelecimentos de saúde que dependem de repasses dos governos Federal e Estadual, o projeto foi de grande utilidade. “Além de auxiliar a instituição hospitalar, conscientiza a população quanto à responsabilidade de reaproveitamento de material reciclável”, conta.
Além de colaborar para a manutenção do Hospital São Salvador, o projeto também trouxe benefícios para a educação. A professora Sandra Mara Mutzenberg, 46 anos, que atua nas escolas de Salvador do Sul e Tupandi, explica que, como enfatizam a educação ambiental em sala de aula, o projeto tem sido de grande valor educacional. “Entrei no projeto por acaso, mas hoje estou tão envolvida que não preciso mais pedir às pessoas que juntem tampinhas, pois automaticamente recebo vários sacos de reciclagem. Essa atividade virou um hábito em muitas residências da região”, completa.
Como explica Cristiane, o projeto Somos Todos Hospital São Salvador foi encerrado em setembro de 2019, arrecadando em dois anos quase 4 toneladas de tampas plásticas. O valor arrecadado pelo projeto totalizou mais de R$ 3.8 mil e foi repassado à instituição hospitalar. “Esse recurso foi utilizado para a manutenção de aparelhos do setor de emergência”, esclarece a presidente.
Programa Tampinha Legal
O programa Tampinha Legal foi lançado em outubro de 2016, na segunda edição do Congresso Brasileiro do Plástico. O objetivo é dar um novo destino às tampas de plástico, por meio da coleta do material e da comercialização para indústrias recicladoras do Rio Grande do Sul.
Segundo a coordenadora Simara, as tampinhas recolhidas retornam como insumo para a indústria de transformação do plástico. Hoje, essa indústria confecciona itens como baldes, bacias, escovas, vassouras e prendedores de roupas, tudo feito com material 100% reciclado. “As tampinhas precisam retornar para a indústria, caracterizando o modelo conhecido como economia circular. Precisamos ensinar uma sociedade inteira a não desperdiçar matéria-prima de alto valor”, reitera.
Questionada por que a utilização das tampas plásticas, e não outro material, a coordenadora afirmou que elas são facilmente recolhidas e guardadas, além de ser um material prático. “Em respeito ao trabalho desenvolvido pelas cooperativas de reciclagem, observamos que poderia beneficiar o terceiro setor, uma vez que deve ser segregado da embalagem para enviar à indústria de reciclagem”, salienta.
Os pontos de coleta no Rio Grande do Sul estão situados em Venâncio Aires e Porto Alegre. “Em breve, teremos um ponto em Caxias do Sul”, afirma Simara. Além do Rio Grande do Sul, outros estados participam do programa, como Goiás, Alagoas, Pernambuco, São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal e, em breve, Minas Gerais. “Nos outros estados o projeto será implantado em 2020”, pontua.





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