MAIS PLÁSTICO DO QUE PEIXES? O FUTURO QUE AINDA PODEMOS EVITAR

Por Simara Souza, gerente do Instituto SustenPlást
Em 2016, a Fundação Ellen MacArthur, em parceria com o Fórum Econômico Mundial e com o apoio analítico da McKinsey & Company, publicou o relatório The New Plastics Economy: Rethinking the Future of Plastics. Desde então, uma frase extraída desse estudo passou a circular amplamente em matérias, palestras e redes sociais: “Se nada mudar, até 2050 haverá, em peso, mais plásticos do que peixes nos oceanos.”
A diferença entre uma e outra está na possibilidade de reação
A afirmação assusta — e cumpre o objetivo de provocar reflexão. No entanto, é fundamental compreender o que realmente está sendo dito. O relatório não trata de uma previsão inevitável, mas sim de um prognóstico condicional. A frase original é clara ao dizer “in a business-as-usual scenario”, ou seja, caso o mundo continue operando como vem fazendo até hoje, sem mudanças estruturais.
É uma advertência, não uma sentença. A diferença entre uma e outra está na possibilidade de reação. O próprio relatório propõe soluções, com ênfase na transição para uma economia circular do plástico — aquela em que os produtos são desenhados para durar, reutilizar e reciclar, e não simplesmente para serem descartados. É com esse espírito que o Tampinha Legal atua há anos, engajando a sociedade civil, empresas e instituições em uma grande rede de coleta e destinação correta de tampas plásticas. Uma solução simples, prática e com impacto real.
Por isso, é tão importante esclarecer o conteúdo desse tipo de projeção. Quando se repete, fora de contexto, que “haverá mais plásticos do que peixes em 2050”, corre-se o risco de gerar desinformação e paralisia — quando, na verdade, o que o relatório pede é exatamente o contrário: ação coordenada e urgente.
Os desafios ambientais que enfrentamos são sérios e complexos, mas estão longe de serem intransponíveis. Há programas funcionando, pessoas engajadas e tecnologias acessíveis que já fazem a diferença. O futuro será definido pelas escolhas que fizermos agora.
E ainda dá tempo de mudar esse enredo.
Portal: Zero Hora
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